O Cartografia da Dança do Acre é um acervo online construído em consonância com minha pesquisa de doutorado, comprometido com o registro e a memória da dança cênica do estado do Acre. O material doado não atua como um arquivo estático, mas como um espaço de reflexão sobre a memória da dança, como proposta de construção de conhecimento e discussão de políticas públicas a partir da difusão dos materiais e das quantificações.
O estudo envolveu os 22 municípios, muitos deles com a participação de povos indígenas, entendendo que a pesquisa ultrapassa o âmbito do recenseamento: tratando-se de mapear a produção revelando artistas, formadores e dinâmicas culturais do único estado que lutou para ser brasileiro.
Encontra-se disponibilizado no site do acervo o material relativo a todos os espetáculos de dança cênica a que se teve acesso dentro do recorte da pesquisa. Sem distinção ou juízo de valor, foram catalogados, com a devida autorização, todos os espetáculos (o que exclui coreografias soltas criadas pontualmente para eventos como fóruns e seminários, por exemplo). Como esse material está sendo adquirido por intermédio de uma pesquisa específica, o acervo não intenta abranger toda a produção de dança, voltando-se somente à dança cênica, mas, sim, contribuir para que o máximo de informação qualificada esteja disponível a pesquisadores, estudantes e artistas.
Vale ressaltar que o entendimento de dança cênica nessa pesquisa, caracteriza-se por formas de arte que se desenvolvem num local de representação, e são objetos artísticos que só se concretizam na relação com o espectador. Visão que se assemelha a de Márcia Almeida (2015) quando denomina a dança como arte coreográfica, pois para ela são diversas as maneiras de dançar, mas nem todas são objeto artístico, nesse sentido, existem as danças de função para festivas, para encontros, as danças sagradas de caráter somente religioso, as danças profanas, as populares, as danças que estão mais próximas ao objeto de entretenimento de massas que promovem divertimento sem conduzir a reflexão como a própria arte promove. Ou seja, somente danças que são objeto artístico entram na pesquisa.
Desse modo, o recorte da pesquisa começa com a catalogação de espetáculos a partir de 1997 e segue sendo alimentado, inclusive com previsão de novos projetos vinculados a área de conhecimento da dança.
Valeska Ribeiro Alvim